Cover de Bruxelas = Antropofagia > Melofagia
Houve tempos em que tópicos como autoria, originalidade, génio individual eram algo de desconhecido. Tempos em que vigoravam ideias como a de génio colectivo, transmissão oral da cultura, emulação e apropriação criativa. Entretanto os dinossauros morreram, Santanáz Lopes foi primeiro-ministro e a Cover de Bruxelas foi sobrevivendo a todas as vicissitudes, incluindo a do crescimento do rock conimbricense.
Ao longo dos tempos, um resquício de teoria da
cover foi germinando com base na praxis de Hugo Panzer e de Rui Ferreira. Após muitas discussões entre os dois
covermaníacos, a teoria foi ganhando contornos científicos. Assim, se estabeleceu a seguinte base de trabalhos que se apresenta como um verdadeiro conjunto de axiomas :
1. Há covers tão boas como os originais.
2. Há covers piores que os originais.
3. Há covers melhores que os originais.
Destes axiomas, poder-se-á extraír conclusões aristotelicamente lógicas do tipo : há originais piores que as covers, há originais melhores que as covers, etc.
O interesse científico do empreendimento levou-nos a esta conclusão axiologicamente neutra : nenhuma cover é de menosprezar. Do ponto de vista pragmático, isto tem a vantagem de impedir discussões subjectivas entre os responsáveis do programa : se o Nel Monteiro se lembrar de gravar uma versão de "Love Will Tear Us Apart" dos Joy Division, nós passamos no programa. Se os Sonic Youth fizerem uma versão de " O Bicho" do Iran Costa, nós divulgamos.
O pior é quando os músicos têm a mania de serem originais e não gravam versões ou só as apresentam às escondidas de nós em concertos : haveremos de publicar no
blog a lista negra desses desmancha-prazeres.
E prontos, para primeiro
post já chega... E se quiserem dar-se ao trabalho, mandem-nos listas de versões que conheçam. Por exemplo : alguém conhece versões de temas dos Carcass ?